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Respirar (Bebe)

Vejo como caem de minha pele pedacinhos descamados Pela ausência da tua umidade Meu corpo desidratado Cai a pele morta deixando descoberta a outra Com mais brilho que a que cai Porque algo está alimentando Minha pele em silêncio grita: Arranca-me daqui! Minha pele em silêncio grita: Oxigênio para respirar! Respirar desta falta de ti Respirar desta ausência de mim Respirar para sentir melhor Respirar para aliviar a dor Respirar, respirar, respirar Hoje necessitaria da invasão do meu espaço pessoal Mas não, hoje não haverá Não haverá abraços, não haverá teu abraço Hoje não haverá A dor, por um momento, se torna quase insuportável Mas o que não te mata te torna implacável Cada um, em seu universo, sente sua dor como algo imenso O amor nos dá a vida e sua ausência nos mata um pouco cada dia Minha pele em silêncio grita: Arranca-me daqui! Minha pele em silêncio grita: Oxigênio para respirar! Respirar desta falta de ti Respirar desta au
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o abismo

hoje somos estrelas em extinção. pequenos pontos de fraca e distante luz. quase consumidos, de dentro para fora nos exaurimos de nós mesmos. arremessados na imensidão da vida, entre pulsos e vãs tentativas. se ao menos pudéssemos ser algo mais que pó e energia a desfazer-se no tempo. mas Saturno devora seus filhos. pondo-se a despedaçar as vontades e a atirá-las no abismo aos desígnios da sorte e da necessidade. e no abismo nos depositamos como orgulhosas massas fulgurantes que vão deixando atrás de si um rastro de poeira fina das cinzas de nossa vontade que é consumida em delírios da vertigem. o abismo é única realidade e a queda é a única vida que jamais conhecemos. nos diz um sábio que "a mais abjeta nostalgia oculta a nostalgia do paraíso". toda vontade é vontade de que o abismo termine, de um fundo que nos acuda, onde possamos nos recuperar e voltarmos a ser como éramos antes do infortúnio. mas não existe tal anteparo e não existe nem fim, nem descanso. nosso brilho f

saturno-netuno

  Untitled, 2016, Ink by Pam Steenwijk uma vez dei de presente  à você uma pedra branca e boba que encontrei, lembra? nunca mais encontrei pedras brancas, bobas ou de qualquer cor ou qualidade que desejasse dar de presente. até  desisti de andar pelos jardins buscando encontrar pedras que fossem suficientemente parecidas com aquela, às vezes imagino que talvez fosse uma pedra branca e boba única. não importa por onde se busque, só há folhas caducas e pedras comuns por todo lado. acho que as folhas caem e esperam o vento, sabe? e às vezes ele ainda vem e faz as folhas dançarem e se vai. quando ele não vem  não tem dança, nem um rumor qualquer. as folhas caducas ficam lá imóveis, juntas às pedras comuns no meio da  poeira que tempo acumula e do silêncio pesado,  nem mesmo os pássaros aparecem mais. acho que esqueceram o caminho ou simplesmente esqueceram como você. têm dias em que queria ser folha caduca e me soltar, ser o vento e vir e ir, ou ser um pássaro e voar e esquecer. mas n

silêncio

—  nas cartas que escreve, você usa palavras que não se atreve a dizer em voz alta e não pode retirar o que foi dito... talvez eu tenha te escrito uma carta que nunca entreguei... mais de uma vez... e você não saiba. http://liesaboutme.tumblr.com/post/136029087572/laybac-in-between-now-and-then-our-time-is Texto e música são da película  Soundless Wind Chime . Hong Kong. 2009.

Catharsis

Fiz inquisição. Encenei o tribunal, te condenei e te caçei e a tudo de ti que ainda morava dentro de mim. Mandei os lobos atrás de cada lembrança e então era destroço. Fiz fogueira, amaldiçoei e queimei cada pedaço de memória. Agora não passa de um monte de cinzas de alguma coisa, do tipo que se olha e não se consegue sequer imaginar o que o fogo consumiu ali. Ninguém saberá. Logo nem mesmo eu saberei, os lobos ainda estão famintos. AJ Freno.  Scream.  2012. Watercolor and gouache on paper.

☽-♇-♏

Amor tem uma fome de carne e de espírito. Sabe aquela luz que tu vê nos olhos de algumas pessoas? É tu vislumbrando uma pessoa conectada contigo em outro nível. Amor precisa disso pra viver, não precisa de eternidade. Amor também machuca, ele te rasga como uma navalha e expõem tudo aquilo que tu esconde de todos, te joga na cara e diz verdade, depois te abraça e cuida da ferida exposta como só ele sabe cuidar. Amor tem um pouco de mãe que abraça, tem um pouco de pai que bate, um pouco de irmão que faz arte e de amigo que guarda segredo . Amor não se importa com frio, calor ou chuva e quando te toca, te toca com todos os sentidos, por que o toque, como o olhar, é uma conexão de outro nível, te toca fazendo cada pedacinho de pele sussurrar. Amor tem uma memória longa e profunda, pois tudo é de extrema importância pra que ele conheça a si mesmo e possa às vezes morrer em paz pra renascer, todo lindo e forte. As vezes ele se joga, outras ele é empurrado. As vezes ele se perde no abismo e

papel

no meio daquela pilha de papéis há uma carta , daquelas que terminam com três palavras:  eu te amo . que eu li e senti, e reli, e ressenti. e revivi a cena. e me arrependi pois significa mais agora do que significou naquele momento, ou não. e agora a lembrança não é mais a carta, e a carta é só papel. se tivesse desenhado uma jibóia eu guardaria pra fazer aquele teste psicológico de vez em quando. eu também .